“A designação «pé de atleta» é vulgarmente entendida como a infecção dos pés por fungos denominados «dermatófitos»
O que é o pé de atleta ?
A designação «pé de atleta» é vulgarmente entendida como a infecção dos pés por fungos denominados «dermatófitos». Também se denomina correntemente como micose dos pés, uma vez que qualquer infecção por fungos é uma micose. Esta palavra tem origem grega (mikos) e significa precisamente fungo.
A infecção localiza-se sobretudo nas pregas interdigitais dos pés, sobretudo na que une o 4º e 5º dedos. Causa prurido, descamação, maceração e fissuras. Pode estender-se às outras pregas interdigitais, ao sulco comum dos dedos e à superfície plantar dos pés. Atinge também as unhas. Pode disseminar-se para outras áreas da pele, especialmente para as virilhas.
O doente com pé de atleta pode contagiar outras pessoas?
Pode, a doença é contagiosa. A transmissão efectua-se pelos esporos do fungo – especialmente em locais fechados e pouco arejados. Pensa-se que a humidade possa também constituir factor favorável à disseminação. Contudo, os fungos que originam o pé de atleta não revelam grande virulência. Pensa-se ser mais importante certa susceptibilidade individual, que facilita a infecção, mas cuja natureza é ainda desconhecida.
O que são fungos dermatófitos?
São fungos que se desenvolvem efectivamente na pele humana e de animais, por meio de estruturas filamentosas ramificadas e septadas denominadas “hifas”. O conjunto das hifas constitui o chamado “micélio”, o qual se nutre de uma proteína existente na superfície da pele denominada ceratina. Por esta razão são também denominados fungos ceratinofílicos.
Há mais do que um tipo de fungo dermatófito?
Os fungos dermatófitos que mais frequentemente causam o pé de atleta pertencem a dois géneros – Trichophyton e Epidermophyton. Destes, as espécies Trichophyton rubrum e Trichophyton mentagrophytes são as mais comuns. A frequência de T. rubrum tem vindo a aumentar ao longo dos últimos decénios.
Como se transmite o pé de atleta?
O problema da possível contaminação ambiental por fungos causadores de pé de atleta em ginásios, piscinas, instalações de apoio dos veraneantes e praias tem sido estudado em Portugal, à semelhança do que sucede em outros países.
No entanto, importa salientar que o número de géneros e espécies de fungos existentes no ambiente é normalmente muito elevado, mas que apenas alguns originam pé de atleta e outras micoses.
No Laboratório de Micologia da Clínica Dermatológica Universitária de Lisboa foram conduzidos estudos referentes à contaminação por fungos causadores destas micoses em balneários, ginásios e areias de praias.
Um destes estudos incidiu sobre balneários de 5 ginásios em Lisboa (l84 amostras) e 6 vestiários de praias da zona de Lisboa (91 amostras), estes últimos durante a época balnear.
As colheitas efectuaram-se em ralos dos duches, estrados de madeira dos duches, lava-pés, tampos de sanitas, bancos de madeira e áreas de apoio de pés descalços. Isolaram-se 26 estirpes de fungos dermatófitos nos balneários dos ginásios (11 T. mentagrophytes var. interdigitale, 12 T. mentagrophytes var. granulare e 3 T. terrestre) e 2 estirpes de T. mentagrophytes var. interdigitale nos balneários das praias.
Outro estudo incidiu sobre 20 praias no período de verão. As colheitas de areia para análise efectuaram-se ao fim da tarde, em 3 locais distintos: junto à orla marítima; junto ao terreno limitante da praia; em plena praia, a meia distância entre os dois pontos referidos.
Sempre que possível a colheita foi efectuada em pontos de impressão de pés descalços. Não se isolaram fungos dermatófitos. Em um único caso isolou-se uma estirpe de M. gypseum. Identificaram-se, contudo, numerosas estirpes de fungos não causadores de micoses humanas.
Estes estudos, em conjugação com outros internacionais, permite concluir pela baixa probabilidade de contaminação das areias das praias por fungos dermatófitos, provavelmente por falta de condições para a sua sobrevivência.
Pelo contrário, a contaminação de ginásios e de balneários constitui fonte importante de contágio do pé de atleta e de outras dermatofitias, a exigir cuidados sanitários adequados.”
Fonte: canal sapo saúde_consultorios
A responsabilidade editorial e científica desta informação é da Sociedade Portuguesa de Dermatologia e Venearologia