Alterações da Pele/Prevenção, Diagnóstico e Tratamento das alterações da pele dos pés
A pele é o maior órgão do corpo humano, reveste-o externa (epiderme e derme) e internamente (mucosas), é resistente, flexível e relativamente impermeável, dotada de uma grande capacidade de auto-reparação.
Das suas funções destaca-se a aparência (forma e relação com o exterior) e a protecção (defesa).
Existem muitas lesões e alterações que podem afectar a pele, podemos destacar algumas, tais como:
Manchas ou máculas
Pápulas, nódulos, tumores
Vesículas, bolhas, pústulas
Nevos ou sinais
Escamas, crostas, escoriações, gretas, ulceração, cicatriz
Necrose, gangrena
Verrugas
Espessamentos (calosidades)
Pele seca
Micoses
Excessos de transpiração
Mau cheiro
…
A manutenção da higiene da pele é extremamente importante para a manutenção da sua integridade.
A higiene diária e a escolha de roupa e calçado adequados são fundamentais para a saúde da pele.
Observar diariamente os seus pés e algumas alterações da pele como sinais ou manchas é um hábito essencial para prevenir o aparecimento de lesões complicadas.
Os cuidados diários permanentes e a visita regular ao seu Dermatologista, contribuem para a saúde e integridade da sua pele.
Micoses
As micoses são uma das alterações mais frequentes da pele, podem aparecer na pele e nas unhas e podem ter diferentes formas, aspectos ou sintomas.
Os fungos são os seres causadores das micoses e são os responsáveis pelos maus cheiros, comichões e outros sinais e sintomas característicos das micoses.
Existem mais de 100.000 espécies de fungos, destas cerca de 150 trazem malefícios para o Homem e animais.
Mas nem tudo é prejudicial no mundo dos fungos, na realidade são muito úteis em numerosos processos de fabricação de pão, cervejas, vinhos e determinados tipos de queijo.
Também são usados na produção de medicamentos (antibióticos e imunosupressores) e são responsáveis pela decomposição de matéria orgânica.
Das muitas formas de fungos destacam-se os dermatófitos e as leveduras, por serem dos que mais frequentemente causam malefícios para o Homem.
Os dermatófitos são responsáveis por micoses como o pé-de-atleta e tinhas (dermatofitias). As leveduras são a causa de candidiase.
Tratam-se de micoses superficiais, sendo que as primeiras (pé-de-atleta e tinhas) raramente invadem camadas mais profundas do corpo. A candidiase pode invadir camadas profundas do corpo e em casos cronicidade arrastada pode ser bastante grave.
É importante perceber que alguns dos fungos que aqui se falam vivem na superfície da nossa pele e habitualmente não provocam doenças em indivíduos física e psicologicamente saudáveis. Tornam-se oportunistas e causam doença quando o indivíduo se encontra imunodeprimido ou doente e portanto mais vulnerável.
Então qual é a melhor forma de prevenir as micoses nos pés?
Se tivermos em conta o que foi dito anteriormente é fácil perceber que um corpo e mente saudáveis são os principais segredos para que tudo esteja bem com o nosso corpo e consequentemente com os nossos pés.
Contudo existem hábitos que devem fazer parte do nosso dia a dia para prevenir o aparecimento das micoses:
Lave os pés todos os dias, com água e sabão neutro;
Seque cuidadosamente os pés e os espaços entre os dedos, sem esfregar ou irritar a pele;
Observe diariamente os pés para detectar precocemente alguma alteração da pele e unhas;
Use meias com mais de 90% de fibras naturais (como algodão);
Troque de meias todos os dias (se sofre de hiperhidrose – excesso de transpiração, deve trocar de meias mais do que uma vez por dia para manter o pé seco);
Alterne o calçado, para que estejam bem secos e arejados quando os calçar novamente;
Use sapatos confortáveis (amplos e 1 a 2cm maiores do que o pé);
Se possível use um aparelho de esterilização de calçado, para eliminar eficazmente, fungos, bactérias e vírus; bem como a humidade e o mau cheiro do calçado. Estes aparelhos são extremamente úteis pois evitam que o calçado continue a ser um foco de contágio permanente;
Não calce meias ou sapatos de outras pessoas, especialmente se sabe que tem micose;
Nunca ande descalço em piscinas ou balneários públicos (e evite as águas paradas à volta das piscinas e lava pés);
Se transpira muito dos pés, use um pó, gel, creme, bálsamos, espuma ou spray que controle a transpiração, este poderá ser aconselhado pelo seu podologista, para que seja adequado ao seu caso;
Não trate as suas próprias calosidades, procure um podologista, para que possa receber o tratamento adequado;
Aplique diariamente um creme hidratante, tendo cuidado de não humedecer demasiado os espaços entre os dedos (após a aplicação do creme deve retirar o excesso entre os dedos com papel ou toalha seca) ;
Corte as unhas de forma recta para evitar que encravem;
Sempre que observar alguma alteração ou sentir dor, mal estar ou comichões nos pés procure um Podologista;
Pratique exercício físico e não fume, são dois dos principais contributos para uma vida saudável e consequentemente para um corpo e pés saudáveis;
Consulte um Podologista periodicamente, lembre-se que o melhor tratamento é a prevenção.
Resumidamente podemos dizer que bons cuidados de higiene com os pés e hábitos de vida saudáveis são os principais parâmetros para eliminar os factores desencadeantes das micoses.
Onde se encontram os fungos?
Os fungos encontram-se em diferentes locais, como o solo, a água, o ar, as plantas, e os animais.
É frequente existirem fungos capazes de provocarem micoses no Homem na terra de jardins, em locais onde se encontram animais ou nos seus detritos, pavimentos de balneários e piscinas, sapatos e vestuário e na areia das praias (onde sobrevivem até 6 meses).
A luz solar, temperaturas elevadas e a secura têm uma acção esterelizante, nestas condições, dificilmente os fungos se multiplicam.
Em conclusão pode-se afirmar que o solo é o principal reservatório de fungos patogénicos (capazes de causar malefícios para o Homem). Raramente se encontram fungos patogénicos nas plantas.
Como se “apanha” uma micose?
O habitat natural da maioria dos fungos é o solo e a principal fonte de contágio é o ar, através da inalação dos esporos dos fungos que se encontram em suspensão no ar.
Alguns fungos entram no corpo através de feridas provocadas por plantas com espinhos e por estrume.
As micoses também podem ser transmitidas de Homem a Homem ou por contacto com objectos contaminados.
Os fungos que habitam a superfície da nossa pele e que habitualmente não são causadores de doenças podem em determinadas situações provocar doenças, quando as condições são propícias ao seu desenvolvimento. Estas situações estão muitas vezes relacionadas com alterações do estado de saúde normal do indivíduo.
As micoses são contagiosas?
Sim. Na realidade as micoses são contagiosas, podendo ser transmitidas de Homem a Homem – transmissão directa – e podem também, ser transmitidas através de objectos e ou meios contaminados.
E como tratar uma micose nos pés?
Como já foi dito a higiene cuidada, os hábitos de vida saudáveis e o controlo da humidade dos pés são essenciais para a prevenção e tratamento das micoses nos pés.
Contudo, perante uma micose já instalada estes cuidados não são suficientes. É necessário, recorrer à ajuda especializada do seu Podologista, para que lhe indique qual a terapêutica e cuidados necessários.
É preciso ter em conta que cada caso é um caso e só um especialista pode indicar o que é melhor para o seu tratamento.
Ficam apenas alguns conselhos básicos, que fazem parte de um plano de tratamento de dermatómicose do pé:
Utilize sempre uma toalha somente para os pés;
Seque cuidadosamente os pés especialmente entre os dedos
Siga correctamente o tratamento indicado pelo seu Podologista;
Evite frequentar balneários e piscinas (principalmente, na fase aguda, quando existem vesículas e prurido), mas se for o caso utilize sempre chinelos, para evitar ser um foco de contágio para outras pessoas;
Utilize sempre meias limpas de fibras naturais;
Mantenha os pés sempre secos e areje sempre o calçado;
Se a micose se encontra nas unhas – onicomicose – deverá realizar consultas periódicas de Podologia, afim de receber o tratamento adequado de limpeza das unhas, para optimizar o tratamento tópico domiciliário e conseguir tratar mais rapidamente o seu problema.
Fonte: Joana Azevedo com excertos de Atlas de Dermatologia, Histopatologia da Pele, apontamentos aulas Dermatologia, Micologia, Patologia Clínica e Farmacologia